Shakira no Pavilhão Atlântico, Lisboa
Cantora colombiana faz a festa da música numa sala completamente esgotada: rock, pop, ritmos latinos, orientais e africanos e muito jogo de anca.
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Independentemente da opinião que se tenha quanto à sua música, há (pelo menos) três verdades indiscutíveis sobre Shakira: encontrar alguém mais simpático que ela em palco é difícil, a sua entrega ao público é total e a sua abordagem musical é completamente livre de preconceitos. Mais uma vez, a cantora colombiana mostrou de que é feita em Lisboa... E o público não a desapontou.
Com muito mais crianças entre a audiência que o habitual (ao que o sucesso planetário "Waka Waka (This Time for Africa)" - a canção que encerrou o concerto - não será alheio), Shakira mostrou a sua alma rockeira (até "Nothing Else Matters", dos Metallica, cantou), a sua aptidão para a dança (cigana em "Gipsy", latina em "Loca", oriental em "Ojos Así"), uma entretanto abandonada tendência electro ("She Wolf") e até a paixão pelo hip-hop/reggaeton (na novíssima "Gordita", que conta com a participação dos porto-riquenhos Calle 13).
Sale El Sol , o novo álbum, pode até ter sido a desculpa para trazê-la a Lisboa, mas tirando "Loca", êxito instantâneo que já tem entrada garantida num best of da cantora, foram os grandes sucessos - alguns apresentados com novas roupagens - que tiraram o público do sério.
"Whenever, Wherever" - apresentada bem no início e com direito a quatro fãs sortudas em palco para uma verdadeira lição de jogo de anca - nesta nova encarnação apoia-se numa guitarra forte; "La Tortura" e os seus movimentos pélvicos provocadores deixaram o público em delírio; "Underneath Your Clothes" foi o momento mais intimista da atuação; "She Wolf" deixou tudo a uivar por mais; e até o mais discreto "Why Wait" esteve à altura das expectativas (leque cor-de-rosa esvoaçante a ajudar).
A interação com a sua (competente) banda deixou momentos para recordar em fotografia e a gigantesca máscara de gesso que às tantas dividiu o ecrã gigante que fundeava o palco fez as delícias dos presentes. Foi com a máscara em fundo que Shakira atacou "Sale El Sol", canção durante a qual resolveu libertar o sol que tem dentro, rasgando, para enfatizar o momento, o top que envergava - ficando apenas com um reduzido e sensual biquíni a tapar o peito. Pelas reações à nossa volta, o público masculino aprovou, o feminino ficou algo chocado (as crianças nem tiveram tempo para tapar os olhos).
"Olá Lisboa. Obrigado por virem. O meu único desejo esta noite é que se divirtam. Estou aqui para satisfazer-vos. Aproveitem que esta noite sou toda vossa". Foi assim que recebeu o público e ninguém se terá sentido defraudado quando abandonou o Pavilhão Atlântico depois de um encore que colocou a cereja no topo do bolo.
Envergando um vestido azul vaporoso, começou por cantar "Antes de Las Seis", do novo disco, sob uma chuva de penas, passando depois para a última (e vencedora) sequência da noite: "Hips Don't Lie" e "Waka Waka (This Time for Africa)", com direito a chuva de confetti e uma legião de fãs em palco a reproduzir a coreografia do tema que fez furor durante o Mundial de futebol deste ano. Com ela não é "até à próxima", é um "até já" de quem já é da casa.
Fonte: Blitz